Saturday, December 24, 2005

O terror das menininhas

Nos tempos de escola, o Ricardinho era o tal. Não possuía aquela beleza extravagante: ele era simples, bonito, 1,70, loiro, olhos claros. Era meio sem jeito, mas havia algo de especial nele. Não era convencido de si mesmo, mas era convicto da reação que causava nas meninas. Quando passava, elas olhavam para ele dos pés à cabeça: acompanhavam todo seu percurso. Os namorados delas que se virassem! Ele era famoso e sabia disso. Gostava disso. Tinha dois amigos inseparáveis com os quais passava o recreio. Ele entrou na escola na oitava série e, antes de concluir o ano, já havia recebido vários bilhetes anônimos. Às vezes, era pego de surpresa: chegava do recreio, abria o fichário e encontrava mais bilhetes. Ele lia todos até o fim, esboçava um sorrisinho e os guardava. Quando ele entrava em alguma sala para entregar alguma coisa à professora daquela turma, era nítida a inquietação das meninas. Os olhares 43. Os sorrisos. Eram marcantes. Ricardinho parecia um artista. Lembro-me de Ana, uma amiga que era uma das fãs dele. Mas ela gostava mesmo: dizia que era uma paixão platônica. E tudo havia começado quando ela entrou no colégio, na sexta série. Era o primeiro dia de aula e como todos se reuniam no ginásio do colégio, todos os alunos se encontravam. Dizia Ana que ela sentou do lado dele e a partir dali, tudo começou. E era platonismo mesmo. Quando Ricardinho apareceu de mãos dadas com uma menina, quebrou o coração e as falsas esperanças de todas as outras. Os bilhetes já não eram tão constantes, elas tinham medo. No segundo ano, já não estava mais namorando, mas já havia virado homem: o que despertava ainda mais interesse nas meninas. Mas ele não correspondia. Essa falta de resposta e mistério levou a abordagens a ele: algumas meninas abusavam da ousadia e chegavam a ele! Ele só sabia rir. Conquistá-lo parecia uma missão inexeqüível.

No terceiro ano do 2º grau, no ano de 2002, Ricardinho saiu da escola. Deve ter passado no vestibular. Outros tomaram o lugar de Ricardinho lá no colégio.

Ontem, na padaria mais famosa do Méier, era o mesmo Ricardinho que eu vi: só um pouco mais magro e mais alto, com a mãe, comprando um franguinho. Ele continua bonitinho.


{essa história é verídica}

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