Monday, October 17, 2005

Era assim

No quarto, eles discutiam. Tudo era motivo para gerar discussão: pareciam gostar daquilo. Quem sabe gostavam de pôr para fora tudo que estava preso dentro de si mesmos? Ou eram adeptos da idéia de que em todo relacionamento deve haver brigas, desentendimentos etc. Traziam à tona até mesmo assuntos antigos, que faziam parte do passado. Assuntos esses, muitas vezes, que não eram interligados. Ela, por exemplo, tentava relacionar o fato de ele ter saído com os amigos na noite passada com o fato de ele não lavar a louça. Ele reclamava que ela era consumista e, logo em seguida, comentava que ela não lhe dava carinho suficiente. Era assim: reclamações atrás de reclamações, sem muito a ver umas com as outras. Era como se não tivessem um tema definido sobre o qual discutir: era como se tivessem tirado o dia para desabafar tudo que vinha incomodando-os. Ou não: nem todas as reclamações feitas incomodavam tanto. Havia uma certa implicância. Toda aquela briga porque ele queria assistir ao jogo do Real Madrid, e ela, à novela das oito.

Já com a TV desligada, houvera acabado a discussão. Temporariamente? Silêncio. Ela decide ir ao banheiro. Ele sabia bem como atingi-la: era rude ao falar. Chegou a perguntar se ela havia casado com ele ou com o shopping. Até que caiu a ficha: eles eram adultos. Ele foi atrás dela sem deixá-la saber: ficou na porta do banheiro à sua espera. E aí, veio o sentimento de culpa: ouviu-a chorando. Ela soluçava, mas procurava discrição. Chorava pausadamente. Ele chegou a atribuir toda a culpa por aquilo tudo a ele mesmo: o mal-estar por ouvi-la chorando era maior que o próprio orgulho, que sempre tomava conta. Agora o que tomava conta era a inquietude. Que agonia ele sentia.

Finalmente, o barulho da trinca da porta. Ela não esperava vê-lo ali. Seus planos eram ir à cozinha e esperar que ele fosse procurar por ela. Ela estava surpresa. Ele a abraçou logo que a viu. A impaciência tivera dado lugar à vontade de reconciliação. Um pediu desculpas ao outro e prometeram ser mais compreensíveis dali em diante. Fizeram amor. Ela disse a ele que o amava. Ele disse a ela que a amava mais ainda.

Ele ligou a TV, esperando que conseguisse assistar ao finalzinho do jogo do Real Madrid. Ela foi à cozinha. Preparar o jantar.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Fala ae garota... q historia romatica...
Bom soh passei pra dah um oi...
bom, bjkas...
mesmo vc tendo saindo sem me chamar tah!!!
t++

10:03 AM  
Anonymous Anonymous said...

inegável a influência de Clarice...nada mais dificil do q expressar o cotidiano da real maneira...analizando sentimento por sentimento,olhar por olhar...cheio de paixoes... pronto chega de babar o seu ovo ¬¬'
abração te adoro mt!!

1:33 PM  

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