Wednesday, December 28, 2005

Dezenove meses

_Em todo o caso, visto que esta é a última vez que lhe dirijo a palavra, dar-lhe-ei agora uma explicação para tudo isto, o que não me era imaginável há dezenove meses, na noite de nosso casamento.
_O que disser será supérfluo, já sei de toda a história. Não irei prestar atenção ao que disser, pois será contrário ao que na verdade quero ouvir. Cubro meu sofrimento como se estivesse viajando mundo afora enquanto tu dizes tudo novamente. Apenas respondei-me e sê direta pois sabes que odeio rodeios: não há meio de conciliar-nos?
_Ouça-me. Não há meio de paz entre nós. Estás ciente do que fizeste e eu, por fim, estou também. Não sei o que passara em sua cabeça ao pensar que poderia enganar-me e não ter que arcar com futuras conseqüências. Eu pensei que tu fosses diferente, mesmo porque...
_Chega! Já chega. Não agüento mais isso. Tu estás aproveitando o fato de que me engracei com tua amiga Karenna para que tenhas um pretexto para me deixar. Há quanto tempo se relaciona com Joseph?
_Isto não é de tua conta. Éramos no papel, mas nossa vida de casal se tornou incrivelmente insossa há muito e tu sabes disso.
_Apenas tenho uma questiúncula. O que aquele moço tem que não possuo?
_Não é possuir, é saber. Ele sabe me amar e isso gera-me felicidade: a qual tu não foste capaz de me causar.
_Isso não é verdade. Não minta para ti mesma. Eu fiz de tudo para vê-la esboçar um sorriso; eu tentei dar-lhe o meu melhor. Passamos por uma fase ruim e tu me encheste de insegurança: tua amiga abusou de mim! Não consegues ver? Fui fraco, admito. Entretanto, eu teria poupado-lhe de toda essa história, apenas negando-a, se não estivesse arrependido. O que tive com Karenna não representou nada para mim!
_O que tive e tenho com Joseph representa muito para mim. Carrego uma linda criatura de duas semanas dentro de meu ventre.
_Não! Não pode ser! Não terás como provar-me que não pensaste m mim enquanto recebia-o dentro de ti. Tu és minha! Como pudeste doar-se a outro homem?
_Enfim, à minha explicação. Sê um homem maduro ao menos uma vez na vida e escutai-me. Querer alguém ser sem feliz com esta pessoa é amor disfarçado. É posse. É fazer da pessoa um porto seguro. Infelizmente para você e felizmente para mim, não fui capaz de compactuar com sua posse. Além disso, tu eras meu, e respeitou tua vontade de ter Karenna. Respeite a minha vontade, agora. Assine este papel.
_O que é isto?
_É o papel do divórcio. É somente um papel. Estamos divorciados, no viver, há meses.
_Não assinarei coisa alguma! Não assinarei algo o qual é desejado apenas por ti. Eu ainda amo-te e digo-lhe isso do meu mais profundo ser.
_Assinarás o papel sim, a não ser que queiras que eu suma com nosso filho.
_Não. Denis é meu filho também. Se é assim que queres, que assim seja. Que tu saibas ser feliz... sem mim... missão essa que Joseph não conseguirá cumprir.
_Obrigada. Se precisares, tens meu telefone.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

caraca, thalia...

que isso aqui?

"amando,poetando e aprendendo..."
rsrsrs

sociedade dos novos poetas? novos escritores?

hahahahaahahaha

aumenta o numero da letra,
pra eu enxergar melhor!

beijossssss

11:38 AM  
Anonymous Anonymous said...

agora to lendo + ou -

12:34 PM  

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